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Dakota Johnson é a capa da edição do mês de fevereiro da revista espanhola Mujer Hoy. Leia a entrevista completa traduzida:

Descende da nobreza hollywoodiense, mas faz tempo que é uma estrela por méritos próprios. Agora, volta aos seu personagem mais controvertido (e sexy)

Os ônibus de turistas que visitam os estúdios da Universal de Los Angeles passam a poucos metros da caravana. Tiram fotos dos lugares mastodônticos onde, todo dia, são filmados séries e filmes, mas ignoram que no interior da caravana, protegida de um sol escaldante, se encontra Dakota Johnson, sangue azul hollwoodiense puro, estrela da trilogia Cinquenta Tons de Cinza e uma das atrizes jovens mais cotadas da indústria do cinema. Sentada relaxadamente em um sofá, a própria Johnson, usando apenas maquiagem, está com o cabelo solto e veste um look casual, mas elegante, tampouco parece ser muito consciente do seus status.

Os grandes estúdios de Hollywood como este sempre foram uma segunda casa para ela. Cresceu nas filmagens do pai (Don Johnson) e da mãe, Melanie Griffith. Sua avó é Tippi Hedren, uma lenda viva da Hollywood de ouro, e seu avô, Peter Griffith, foi um ator infantil na Broadway. E então, quando tinha nove anos debutou na telona em Crazy in Alabama, sob as ordens de Antonio Banderas, que foi casado por 18 anos com sua mãe e com quem Dakota conviveu a maior parte de sua infância e adolescência. Em casa ninguém se assustou ou se surpreendeu quando disse que queria ser atriz. Ao contrário, sempre a animaram.

Talvez por isso, nunca pensou em estudar Artes Cênicas. Tampouco necessitava. “Toda a minha vida foi uma aula de interpretação. Nem pude escolher, simplesmente estava lá…”, disse sobre uma vocação que herdou por via sanguínea. Johnson cresceu em Aspen, Colorado, até que seus pais se divorciaram (pela segunda vez) em 1996. E mesmo que depois tenha se instalado em Los Angeles com sua mãe e Antonio Banderas, seguia passando temporada com seu pai no rancho familiar, enquanto trabalhava como babá ou limpava cavalos para ganhar algum dinheiro. Chegava a ver ‘Mary Poppins’ ou ‘Esqueceram de Mim’ três vezes em um único dia, o cinema a fascinava e não se imaginava fazendo outra coisa.

Porém, nunca foi uma boa estudante. “Não gostava do colégio, gostava de aprender coisas, mas não gostava de ir à aula”, reconhece. Depois de muitos anos estudando em casa ou nas filmagens com a ajuda de tutores privados, seus pais decidiram enviá-la a um internato no norte da Califórnia. Mesmo que a princípio a ideia não tenha lhe parecido ruim, ao chegar se deu conta de que não encaixaria e suplicou ao seu pai que a deixasse voltar para casa.

Se matriculou em um instituto de Santa Mônica famoso por seu programa artístico, mas as aulas de desenho eram enfadonhas e seus companheiros, que levavam recortes de jornal sobre os altos e baixos de sua família, tampouco a ajudaram a se integrar. A jovem chegou a ingressar em uma clínica de reabilitação, mesmo que sempre tenha negado ter um vício. Seu problema, reconheceu, foi o estresse. “Meus pais tinham seus próprios problemas e me puseram em uma posição em que tive que enfrentar problemas de adulto em uma idade inapropriada”, explicou anos atrás sobre aquela época confusa de sua adolescência.

“Tippi Hedren, minha avó, é minha fraqueza”

Mas isso faz muito tempo e em Dakota apenas restam um punhado de tatuagens, que agora tem que ocultar nas filmagens, como lembrança daquela fase. Sua relação com sua família sempre foi estreita. Sua avó, Tippi Hedren, é sua fraqueza. “Estamos muito unidas e falamos constantemente. É a pessoa mais incrível que conheço. Teve uma vida apaixonante”. A pergunto se Melanie Griffith foi como uma dessas mães cheias de conselhos ou se, talvez, a deixou cometer seus próprios erros. “Um pouco dois dois”, disse frugalmente. Está claro que a atriz prefere não falar em excesso de sua família.

Provavelmente, porque já não é a filha ou a neta de ninguém: Johnson é uma estrela por méritos próprios. “Atravessei uma fase em que não sabia se isso de ser atriz ia funcionar para mim, mas agora, sem dúvida, me sinto 100% atriz. É o que sei fazer”, explica. Se refere, talvez, à era pré-Grey, na que trabalhou como modelo para marcas como Mango e começou fazendo pequenos papeis em filmes como A Rede Social, a comédia Cinco Anos de Noivado ou o filme de ação Need for Speed. Chegou inclusive a ser a protagonista de uma série de televisão (Ben and Kate), mas apenas aguentou uma temporada na grade.

E então, se apresentou ao casting mais valioso dos últimos tempos. Buscavam a Anastasia Steele, protagonista do livro erótico Cinquenta Tons de Cinza, para sua adaptação cinematográfica. Todas as atrizes jovens (e famintas) de Hollywood queriam arrancar um pedaço seu. Era um personagem arriscado, por causa das cenas de sexo e os nudes que o roteiro exigia, mas também era o tipo de papel que podia lançar uma carreira ao estrelato. Na audição, Johnson interpretou um monólogo de Persona, o filme icônico de Ingmar Berman e, mesmo que seu nome não estivesse cotado, conseguiu o trabalho.

O filme arrasou o ano passado na bilheteria, com uma arrecadação de 571 milhões de dólares no mundo todo, mas a crítica não foi muito indulgente com o filme. Sem dúvidas, Dakota se salvou do massacre. Os críticos não só louvaram seu trabalho, também proclamaram, praticamente em unanimidade, que havia nascido uma estrela. “Foi um choque… Estou muito agradecida. A verdade é que não leio as críticas. Trato de me manter à margem”. Por que?, a pergunto. “Porque é difícil”.

“Não acredito que exista uma relação sã. A de Anastasia e Grey me parece normal.”

Às vezes, quando uma pergunta a incomoda ou a aborrece, Johnson pode soar enigmática. Não estou segura de se vai gostar mais da seguinte. Tem a ver com a natureza controvertida do livro. Mas além do sexo ou o sadomasoquismo que os protagonistas praticam, seus odiadores declararam a obra como antifeminista e acusaram a autora, E. L. James, de tratar de glamorizar a violência.

Natureza possessiva

Para você parece uma relação saudável? “São duas pessoas que se querem mais que nada e estão dispostos a fazer o que for para proteger sua relação. Não sei se existe alguma relação perfeitamente sã. Não sei… O que é que não te parece saudável nessa relação? Não o entendo”, me pergunta diretamente. Explico que não tem a ver com o sexo, sim com a natureza possessiva e controladora do senhor Grey, com seu ciúmes patológicos, sua obsessão por saber onde sua namorada está em cada momento, sua mania de controlar com quem fala… “Essa característica dominante é a mais difícil de levar, mas Anastasia tem sua forma de manejá-lo. Ele pode ser possessivo, mas ela não faz caso. Sua relação atravessa muitas mudanças nos dois próximos filmes e é fascinante”, aprofunda.

Johnson já filmou os dois últimos filmes da trilogia. Cinquenta Tons Mais Escuros, a segunda, estreia dia 10 de fevereiro. “Gostei de retornar à personagem. Ver como evoluiu é muito interessante… Creio que Anastasia é uma pessoa íntegra e inteligente, com uma grande autoestima e segura de si mesma. E é valente o suficiente para explorar sua sexualidade e amar alguém. E creio que isso é muito admirável. Não há nada que não goste nela”.

“Faço filmes, o resto é barulho”

A pergunto se dessa vez foi mais fácil gravar as cenas de sexo. “Jamie (Dornan) e eu nos conhecemos muito bem e já sabemos como enfrentar as cenas de sexo, mas apesar de tudo, é difícil. Se sente vulnerável, mas ao mesmo tempo, está trabalhando e tem que fazer com que a cena funcione”. Depois de protagonizar Aliança do Crime, junto a Johnny Depp, ou a comédia Como Ser Solteira, protagoniza este ano um thriller (Suspiria) e um drama musical (The Sound Of Metal). Mas enquanto vive um momento particularmente doce, sabe que esta é uma profissão instável por natureza. Viu isso em casa. Sua mãe e sua avó sofreram isso na própria pele.

“Cada vez há mais mulheres criando trabalho para si mesmas”

“Esta indústria gera mulheres-objeto com muita facilidade, é o que foi feito historicamente. É um ofício cheio de altos e baixos, sobretudo para as atrizes maiores. Mas, apesar dessa tendência machista que Hollywood tem, creio que as coisas estão melhorando e que cada vez há mais mulheres criando trabalho para si mesmas, escrevendo personagens femininos e dando voz a seus problemas”.

Apesar da ilustre árvore genealógica de que descende e a ser uma das atrizes do momento, Johnson conseguiu manter a fama sendo praticamente uma anti-estrela. “Faço filmes e sou atriz porque gosto deste trabalho e é minha profissão, o resto simplesmente é barulho”, diz. Mesmo que se conheçam alguns detalhes de sua vida pessoal (está solteira depois de ter terminado com o cantor Matt Hitt), conseguiu manter sua intimidade longe das capas.

Diz que é uma escolha voluntária: “Se busca uma existência dramática, vai ter. Mas eu sou uma pessoa muito tranquila… Creio que a vida é o que alguém faz dela”, explica. Em seguida, confessou que os dias em que se sente especialmente frágil prefere não sair de casa para não enfrentar os paparazzi ou os estranhos que querem tirar uma foto com ela. Está claro que nem sequer ter nascido famosa a imuniza ante certas doses (ou sobredoses) de popularidade. Talvez por isso, ela escolheu ser a estrela tranquila.

Mais escuros e mais sexys

Depois de ter terminado com Christian Grey, Anastasia Steele está tratando de refazer sua vida e esquecer, de uma vez por todas, o misterioso milionário de extravagantes gostos sexuais. Mas Grey é tão perseverante como irresistível para ela. Em Cinquenta Tons Mais Escuros, baseado no segundo livro da trilogia de E. L. James, o casal se reencontra e, esta vez, é Ana quem dá as regras… Tudo vai bem até que os fantasmas do passado voltam para complicar as coisas. Kim Basinger, no papel da mulher que iniciou Grey nos mistérios do bondage, incorpora o elenco para desenterrar segredos velhos.

Fonte | Tradução: Larissa F.



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