Atriz fala sobre a difícil representação da maternidade no filme, seu próximo filme de época, e compartilha seus segredos mais profundos e sombrios com a estrela de Normal People.
Dakota Johnson é instantaneamente reconhecida nas telas. Com seu sorriso conhecido e sua franja perfeita, a atriz de 32 anos cativou, juntamente com o Christian Grey de Jamie Dornan, a franquia de Cinquenta Tons de Cinza, encantou os críticos em A Bigger Splash, provou ser uma mulher magnética em How to Be Single e conquistou corações em The Peanut Butter Falcon. Mas, em The Lost Daughter – o filme arrebatador que estreia Maggie Gyllenhaal como diretora, adaptando o livro de Elena Ferrante – pode levar um tempo para você identificar Johnson quando ela aparece pela primeira vez.
A atriz interpreta Nina, uma jovem mãe com cabelos pretos e olhos marcados, abundantes tatuagens e um guarda roupas com jeans, roupas de banhos curtas e brincos grossos de argola. Ela está passando o feriado na Grécia com sua filha, Elena (Athena Martin), e o resto de sua escandalosa e duvidosamente rica família do Queens. Enquanto eles tumultuam, ela está vigilante e aparentemente inquieta. Observando-a, por sua vez, está Leda, uma professora de letras em uma viagem solitária. Ainda em sua órbita, há dois homens bem intencionados: um grisalho cuidador da casa onde Leda (Olivia Colman) está hospedada (Ed Harris) e um estudante (Paul Mescal), que passa suas férias de verão trabalhando na praia. Suas vidas são interrompidas quando Elena desaparece de repente, deixando Nina perturbada e fazendo Leda se lembrar de sua própria jornada tumultuada com suas duas filhas. O resultando final é um sensível estudo sobre decepção, ambição e incertezas maternas, tornando impossível tirar os olhos da impulsividade de Colman e da enigmática Johnson.
Enquanto estamos ansiosos para a estreia do filme na Netflix, Jonhson comenta sobre gravar na pitoresca ilha de Spetses durante a pandemia, fala sobre as fotos de Megan Fox que mandou para Gyllenhaal como referência e como subornou a jovem atriz que interpretou sua filha.
The Lost Daughter é uma linda adaptação. Foi o script que te atraiu?
“Foi um script instantaneamente lindo de se ler e então Maggie [Gyllenhaal] e eu nos encontramos. Nós conversamos por um tempo e então ela me deu o papel. Foi durante a pandemia, então Maggie e eu passamos muito tempo no Zoom, conversando e mandando músicas uma para a outra, fotos e indicações de filmes. Maggie tem um jeito incrível de trabalhar com os atores porque ela é uma [atriz]. Ela nos faz sentir seguros. Eu sinto que eu posso ir nas extremidades em qualquer direção e eu serei cuidada. Muito disso é apenas sobre querer estar perto dela [risada].”
O que eram os filmes, músicas e fotografias?
“Foi quando conversávamos sobre roupas, cabelos e o que Nina deveria ser. Nós gostamos muito de Rosalia em certo ponto. Então, eu estava mandando para Maggie fotos realmente antigas da Megan Fox. Ela tem essa sexualidade que parece ser muito entediante e eu gosto disso. É quase como se Nina estivesse vestida seu uniforme, mas ela superou. É um uniforme selvagem e é a imagem dela que talvez ela pintou para si mesma e agora está presa, ou talvez foi pintada para ela porque é como ela é. É sobre ela querer se libertar das algemas de sua identidade. Há muito mais nela do que ela pode mostrar para estar naquela família e naquele lugar. “
Como foi desembarcar na Grécia enquanto o mundo estava em lockdown e em quarentena com esse elenco incrivel?
“Eu sou privilegiada por este ser o meu trabalho, mas filmar na Grécia durante a pandemia enquanto as pessoas estavam presas em suas casas e sonhando com uma praia? Foi um verdadeiro presente e isso não passou despercebido por nenhum de nós. É uma pequena ilha e todo mundo estava envolvido de alguma forma com o filme. A garota que trabalhava na cafeteria local foi um dos extras. Nós estávamos todos juntos o tempo todo em uma bolha e nos tornamos muito próximos.“
A jovem atriz, Athena, que fez sua filha é maravilhosa. Como vocês se conectaram?
“Ela tinha 4 ou 5 anos quando estávamos gravando. É confuso naquela idade então tornamos tudo um jogo. Eu queria que ela se sentisse segura e conectada, então minha sacada foi o suborno. Eu era tipo ‘eu vou pegar esses sacos de doces infantis.’ Ela pegava, mas não estava impressionada [risada].”
Como foi trabalhar com Olivia Colman? Nina e Leda passam muito tempo apenas observando uma à outra.
“Nós nos divertimos muito. Somos boas amigas agora e eu a amo profundamente. Maggie nos deu espaço para atuar. Nós não tivemos nenhum tipo de conversa mais profunda sobre o relacionamento entre Nina e Leda, e continua assim. Há muitas camadas neste relacionamento. Você se pergunta para onde está indo da mesma forma que elas se perguntam para onde está indo. Mas quando nós estávamos gravando, Olivia e eu não falávamos disso. Nós bebíamos vinho [risada].”
E sobre Paul Mescal? Você é fã do trabalho dele em Normal People?
“Ai meu Deus, sim. Super fã! No primeiro dia de filmagem, Paul e eu tivemos uma cena intensa. Nós ainda não nos conhecíamos, ele estava levemente nervoso e eu tive empatia. Para fazer todos se sentirem confortáveis, eu disse a ele alguns dos meus profundos e sombrios segredos [risada]. Agora, somos bem próximos. Ele é um ser celestial. Foi seu primeiro filme, estou muito orgulhosa dele.“
E sobre trabalhar com esses atores incríveis, qual foi o atrativo de interpretar Nina, essa mulher misteriosa que quer ser mais do que apenas uma mulher sexy na praia?
“Não é apenas dela querer ser algo a mais, mas ela é algo a mais. Mas, talvez, ela cresceu em uma família ou sociedade que ela não era permitida a ser algo a mais ou não ela apenas não era vista como ela é. Isso é muito interessante para mim. Há tantas pessoas diferentes dentro de nós. Nina está se afogando em si mesma quando ela conhece Leda, ela pensa ‘Há algo a mais para mim? A minha mente poderia ter menos fome? Eu poderia ser saciada?’ A coisa mais triste é que ela provavelmente jamais será e isso é a realidade de muitas mulheres.“
Você espera que esse filme faça as pessoas questionarem seus preconceitos sobre a maternidade?
“Eu estou realmente muito interessada neste mundo em que as mulheres não estão permitidas de sentirem seus sentimentos, independente se estão com medo ou desconfortáveis. Eu ainda não sou mãe, mas o que é interessante para mim neste filme é que dá às mulheres que são mães permissão para sentir todos os sentimentos complicados que vem com a maternidade. E permite que mulheres que não são mães ainda ou mulheres que não querem ser mãe, sentirem como as mães se sentem. Ainda há um estigma ao redor de algumas mulheres que escolheram não ser mães, e eu penso, por que? Talvez isso seja um empurrãozinho para desestigmatizar esses sentimentos complicados sobre a feminilidade e maternidade.“
E, por último, como você está se sentindo sobre a realidade do mundo neste momento?
“Estou com o coração profundamente partido e não há jeito para isso. Eu acredito nas pessoas, na gentileza e em nossa habilidade de se envolver, e acredito que as coisas as vezes pioram para poder melhorar, mas é difícil. É uma experiência angustiante para a maior parte do mundo. Como indivíduo, você se sente sem esperança nenhuma, mas nós podemos nos ajudar. Eu realmente espero que as coisas melhorem logo.“
Tradução: Equipe DJBR | Fonte