Dentre muitas entrevistas que Dakota concedeu no início de maio deste ano, uma delas foi à Grazia Italia. À seguir, confira o que ela conversou com a revista na íntegra e traduzido pela nossa equipe:
Quase deitada no sofá da suíte onde nos encontramos, Dakota Johnson tem todo o ar de que gostaria de estar em qualquer lugar exceto na presença de um jornalista. Estamos em Nova Iorque, lá fora está ensolarado. Os sapatos são abandonados no chão, seus pés estão encolhidos debaixo do assento e em frente a ela há café e água mineral. Para deixar registrado, quando lhe pergunto o odor associado à felicidade, ela me diz que é o café.
Antes desta entrevista, conheci Dakota com na festa de lançamento que Gucci deu no MoMA PS1, um afiliado ao Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, localizada em Long Island, Queens. A ocasião foi a apresentação de Bloom, a nova fragrância feminina da Gucci, criada pela primeira vez por Alessandro Michele e que tem como inspiração a fotógrafa canadense Petra Collins, a atriz americana Hari Nef e Dakota. Não é coincidência: ela e Alessandro Michele são muitos amigos, Dakota muitas vezes usa Gucci em eventos e, no último MET Gala, eles se juntaram no tapete vermelho. É também por esta razão que quebro o gelo, na esperança de que minha qualificação italiana me faça mais complacente aos olhos dela, perguntando como é a amizade entre ela e o diretor criativo da Gucci. “Nos amamos,” ela responde, finalmente sorrindo. “Alessandro e eu compartilhamos os mesmos valores, amamos as mesmas coisas, e apreciamos sinceridade e honestidade nas pessoas.” Amizades à parte, é indubitável que a relação entre Dakota e Gucci também depende de uma sensibilidade estética comum, do amor pelo vintage e, em geral, de uma imagem que faz as duas criaturas pertencerem a uma era histórica diferente. “Alessandro parece vir de outra era, ele é tão brilhante,” ela admite. O que não digo a ela, mas penso, é que esse novo visual, de certa forma castigado, é definitivamente interessante para uma atriz famosa tirar depois. “Sempre gostei da estética um pouco vintage. Eu tenho tantas peças que comecei a acumular desde que era criança,” ela me conta sobre suas roupas. “Agora eu tenho uma fortuna incrível e acesso a roupas maravilhosas. Eu gosto daquelas que me fazem sentir sexy, mas você nunca me fotografará com algum desses vestidos que te deixam meio nua, que você vê agora nos tapetes vermelhos. Sou alguém que está muito atenta aos tecidos, não apenas ao corte, descobrindo então mais sobre eles. Então eu acho que as roupas são fundamentais para construir um personagem: aconteceu no set, eu trouxe minhas próprias roupas para me sentir mais confortável e para entrar melhor no papel. O mesmo se aplica à cor do cabelo: em alguns filmes eu estou loira. Agora eu estou morena, mas não descarto mudar novamente.” Se é parte de uma estratégia, é completamente compreensível.
Quando o primeiro filme de Cinquenta Tons estreou em 2015, Dakota tinha 25 anos e era, na maior parte, desconhecida para o público em geral. Os mais atentos já haviam notado-a em A Rede Social, onde ela tem uma participação especial como a noite de sexo sem compromisso do fundador da Napster, Sean Parker, estrelado por Justin Timberlake. Um papel do qual recebe críticas entusiasmadas. Foi, no entanto, apenas com o papel de Anastasia Steele, que o rosto e especialmente o corpo de Dakota tornaram-se de domínio público. Também é o momento em que os espectadores e a imprensa começam a ligar os pontos: Dakota é filha da arte, seu pai é Don Johnson e sua mãe é Melanie Griffith. O que significa que a pobrezinha passou o primeiro ano de sua vida profissional respondendo perguntas sobre como é fazer cenas de sexo (extremas) no set e, acima de tudo, o que os dois pais famosos pensam.
O que ele conta sobre sua infância é o seu relacionamento com a natureza: “Eu cresci em Colorado. Quando criança, passei a maior parte do tempo no ar livre, cercada por cavalos. Hoje eu tenho um cão e, em geral, me sinto muito perto da natureza e dos animais.” A avó, Tippi Hedren, uma atriz também famosa por fazer Os Pássaros, de Alfred Hitchcock e por ser liberada dos estúdios por recusar os avanços do diretor, começou a cuidar dos animais, salvando os selvagens. A mãe de Dakota, Melanie, cresceu com um leão em casa. “Minha avó é a mulher mais glamourosa que já conheci,” diz ela. “Ela é tão bonita e inteligente, uma mulher de classe de verdade.” Sem menção à mãe. Quando, na noite do Oscar de 2015, Melanie Griffith disse na televisão ao vivo que ela não tinha intenção de ver sua filha em Cinquenta Tons de Cinza, os tabloides estouraram falando sobre relações ruins entre as duas. Foi o primeiro gosto de Dakota com a intrusão da imprensa e tudo que vem junto no pacote. “Há momentos em que me sinto realmente vulnerável e a perda de privacidade que meu trabalho implica parece insuportável, uma invasão mesmo. Há outras vezes em que eu entendo que é parte do jogo, acontece, e eu tenho que aceitar. No meio, estou eu, e estou ciente da fama e dos seus mecanismos.” Crescer com dois pais estrelas ajudou, mas não muito: “Eu vivi duas vezes invasões de privacidade, agora e primeiro com meus pais. Só que, quando eu era criança e eles eram no auge de suas carreiras, os telefones não tiravam fotos e não havia rede social.”
Três anos após a estreia do primeiro filme da trilogia, Cinquenta Tons de Liberdade sai em fevereiro, para o Dia dos Namorados de 2018, onde veremos Anastasia vestida de branco (mas a inocência durará alguns segundos), e Dakota quer falar sobre outra coisa. Também porque, entretanto, ela fez isso e fez isso bem. Em 2015, ela era a esposa de Johnny Depp em Black Mass, o filme sobre a vida do criminoso Whitey Bulger. Além disso, ela era a jovem protagonista de A Bigger Splash, o remake francês de A Piscina dirigida pelo italiano Luca Guadagnino, um filme bem recebido nos Estados Unidos, bem como sua interpretação. “Eu amo Luca, na verdade eu gostaria de me casar com ele. Eu sei que ele também está apaixonado por Tilda Swinton, e também amo Tilda, então o relacionamento seria um pouco incestuoso, mas basicamente eu amo Luca. É isso aí.” Disse que ela já declarou amor louco por dois homens italianos. “É verdade. Talvez porque eu tenha uma mentalidade europeia ou talvez porque em uma vida anterior eu era italiana. Mas sim, eu amo os dois. E tenho um relacionamento semelhante com cada um.” Sempre com Guadagnino, Dakota acabou de filmar o remake de Suspiria, nos cinemas em 2018, que uma das obras-primas de terror de Dario Argento, em uma escola de dança. “Nós fomos para Varese, e foi uma experiência incrível, muito intensa e cansativa, mas também emocionante. Hoje, pensando em tudo, me pergunto como consegui sobreviver. Tenho o papel de dançarina Susan Bannion, Suzy para os íntimos. Antes de começar, tive que treinar e estudar dança clássica. Então, no set, eu sempre estive ao lado de uma coreógrafa. O trabalho na dança era como uma performance autônoma, completamente diferente, mas complementar à atuação. Meu corpo foi afetado: eu estava com o peso baixo, destruído pela fadiga, com dor muscular em todos os lugares. É aí que eu entendo o sofrimento e a dignidade dos dançarinos.”
Tradução: Laura M.