DEUSA! Nossa querida Dakota está na capa da revista Vogue US, edição de fevereiro de 2017. A atriz falou um pouco sobre sua vida, seus próximos projetos a serem estreados, entre muitas outras coisas. Confira a seguir a entrevista na íntegra, seguido pelos outtakes e uma foto de nossa garota nos bastidores:
Enquanto os portões de ferro da casa de sua mãe em Hollywood Hills se abrem, a atriz do cabelo castanho-avermelhado aparece parcialmente nos degraus de pedra abaixo de um denso emaranhado de balões de hélio. Ela está usando botas pretas da Gucci e calças jeans vintage capri. “Essa roupa que estou usando é apropriada para encontrar seu arquiteto paisagista?” ela pergunta, colocando um suéter de pele de cabra vermelho escuro por The Elder Statesman (o estilista, Greg Chait, é um amigo). “Eu estou parecendo uma adulta que consegue usar palavras como ‘florescência noturna’ convincentemente?”
Claro que ela não pegou balões para mim. Estes são os detritos de sua festa de aniversário que sua mãe, Melanie Griffith, deu a ela algumas noites antes. As festividades aconteceram no Jumbo’s Clown Room, uma boate de striptease em Thai Town onde Johnson assistiu o que ela descreve como o pole dance mais triste na história dos pole dances. Nós estamos agora serpenteando pelas colinas em uma SUV que tem de ser o suficiente até a chegada do Ford F150 de 1995 da cor verde-floresta que seu avô prometeu mandar de sua casa em Missouri. Nosso destino: o antigo bangalô que Dakota, então vivendo no centro de Manhattan, comprou no último inverno em uma clara concessão ao fato de que ela era, é, e muito provável sempre será uma criatura de Hollywood. Foi apenas a segunda casa que viu, mas ela se apaixonou pelo pedigree modernista; o arquiteto Carl Maston construiu para sua própria família em 1947.
“Eu costumava passar horas no Google procurando por casas da metade do século XX,” ela explica. “Eu fico obcecada.” Atualmente, a casa está passando por uma reforma, e mil decisões adultas devem ser encaradas. Ela escolheu madeira ou colocou concreto no banheiro principal? o contratante pergunta. “Problemas da classe alta, gente,” ela diz, balançando sua cabela negativamente. Do lado de fora, um mictório cheio de teias de aranha que pertencia ao produtor de TV Ryan Murphy, o antigo dono, está escorado na parece sob um enorme pé de jacarandá. “Tire isso daqui!” ela declara, embora seu sorriso parece perguntar, ‘E se eu fosse o tipo de pessoa que dá ordens?’ O paisagista sugere trocar o vidro entre as lajes por tomilho. Dakota solicita por uma parede de flores brancas para esconder seu hábito de entrar na piscina nua.
“Você quer uma cerca que não é extremamente bem cuidada,” o paisagista diz.“Contida, mas selvagem.”
“Como eu,” ela responde.
E então isso continua. Ele sugere um bosque cítrico. Ela sugere uma plantação de canábis. Antes de irmos embora, Johnson aponta para o rumo do quarto de hóspedes com sua parede de janelas de frente para o sul. “Vamos colocar persianas romanas lá,” ela diz, “porque eu acho meio pervertido poder ver apenas as pernas das pessoas.”
Sempre tem, com Johnson, um ar de maldade misturado com um ar de prazer surpreendido com sua própria maldade. Seria uma acomodação pública, quase reflexiva nesse ponto, aos três anos de atenção lasciva que acompanhou seu estrelado ao lado de Jamie Dornan na adaptação cinematográfica de Cinquenta Tons de Cinza, tanto quanto suas duas sequências, Cinquenta Tons Mais Escuros—estreando em fevereiro—e o iminente Cinquenta Tons de Liberdade? Ou é aquela excitação divertida—o gosto para uma piada sobre sexo, ou qualquer outra piada—dentre as qualidades que a fez conseguir o papel de Anastasia Steele em primeiro lugar? Agora já fazem dois anos que Cinquenta Tons mudou a vida de Johnson, e por mais que seu sangue seja da realeza de Hollywood—seu pais é Don Johnson, seu padrasto éAntonio Banderas, sua avó éTippi Hedren—não há gene para passear ao lado de uma grande instituição cinematográfica de $500 milhões. Ela ouviu os boatos de que ela despreza Cinquenta Tons. Não é assim. “Eu tenho muito orgulho da franquia,” ela diz. “É uma história legal, e eu acho que é diferente, e eu gosto de diferente.” Ela ouviu rumores de que ela e Dornan não se suportam. Também leu que eles estão tendo um caso. “Nós nos odiamos e estamos tendo um caso, então todos estão certos. E aí?”
Nós estamos sentados para almoçar em um restaurante em West Hollywood, em uma local onde uma quantidade predominante das mulheres tem lábios lacados e curvas nítidas. No meio de tanto excesso, o visual de ‘garota descolada’ não se registra. E, ainda assim, há uma grande chance de que a maioria aqui tenha visto ela nua. Muitas vezes. “A nudez é realmente interessante para um ator,” ela diz. “Jamie e eu trabalhamos juntos por tanto tempo. Não havia inibições, e era tudo muito honesto, muito confiante. Mas quero dizer, que risco! E se ele acabasse sendo um merda? Não há maquiagem. Não há roupas que possam te contar um pouco sobre a história. Não há joias que te dão uma dica sobre o status social. Então isso se torna puramente sobre a performance.” Ela beberica seu café e suaviza sua voz, para que seu disfarce não seja descoberto. “Se eu vou parar de fazer cenas de nudez quando meus peitos começarem a cair? Não sei. Talvez eu tenha uma mentalidade mais europeia sobre essas coisas. Eu não quero ver alguém usando lingerie em uma cena de sexo. Sejamos honestos sobre isso. As pessoas estão nuas quando transam.”
Apesar de toda a exposição nas telonas, ao vivo Johnson teve dificuldades com a ideia de uma vida pública. Ela está, talvez, muito cansada para curtir a excitação da nova fama, e muito familiar com isso por causa de sua família. “Sou terrível com multidões,” ela diz. “Eu estava recentemente em um desfile da Gucci em Milão porque Alessandro [Michele, o estilista da marca] é um bom amigo, então eu pensei que poderia apenas ir, ver no que ele estava trabalhando, e ficar tipo, ‘estou orgulhosa de você; me ligue mais tarde’. Mas, normalmente, eu estou sentada lá pensando, ‘eu não pertenço a esse lugar, não conheço essas pessoas, não sei do que estou falando.’ Eu tenho uma coisa com a exposição, com a experiência dos últimos dois anos. Acho que entrei nesse estranho buraco anestesiado por sentir tanto medo das pessoas. Eu notei que me fechei para estranhos, me tornei até fria. Essa não é minha natureza. Eu prefiro ser gentil.”
Gentil é, na verdade, a palavra favorita de Johnson, e no último outono seu amigo Dr. Woo, tatuador famoso de Los Angeles, gravou [a palavra] em letras finas e enroladas no seu antebraço. Outra tatuagem feita por Woo em tinta branca diz LIGHTLY, MY DARLING [Levemente, minha querida], palavras de um livro de Aldous Huxley. (Para não ser ofuscada, sua mãe recentemente pediu para Woo tatuar a palavra HUSH em suas juntas.) Pessoas famosas tendem a ficar desconfortáveis discutindo a própria fama, mas Johnson sente fortemente que as crises acompanhadas de gentileza devem superar.
“Ninguém quer dizer que querem ser famosos, ninguém quer soar como se gostassem de ser famosos, ninguém quer soar ingrato, ninguém quer soar como se estivesse em negação,”ela diz. “É uma palavra assustadora. Qual é a definição literal mesmo?” Ela pega seu celular e começa a pesquisar. “‘Fama. Do latim para rumor. A condição de ser reconhecido.’ A condição! Mas então eu fico tipo, ‘Eu sou mesmo uma pessoa famosa?’ Porque eu imagino que essas são pessoas que outras estão constantemente encarando, o que não é meu caso. Quem é fotografado todos os dias? Brad e Angelina? Mas eles não são, porque eu tenho quase certeza de que eles construíram túneis subterrâneos para todo lado, e é assim que eles vão aos lugares.”
Johnson, nascida no Texas e criada em nenhum lugar em particular, foi feita para ter uma vida inconvencional. Seus pais estavam em sets de filmagens por grande parte de sua infância, e Dakota ia junto, babás e professores particulares também. Ela não consegue contar em quantas escolas diferentes foi, alguns meses aqui e ali, ou o número de amizades da infância que perdeu. Ela começou a fazer terapia aos três anos de idade.“Era a coisa toda,” ela explica. “Toda a ajuda que conseguir.” Ela tinha que contentar com o divórcio dos pais e dificuldades com álcool e drogas.“Eu estava tão consistentemente desamarrada e confusa. Não havia uma âncora em lugar nenhum.” A escola foi um desafio, e ela odiava estudar.“Eu nunca fui informada de como aprende a ser criança,”ela diz.“Eu pensei, ‘Por que tenho que ir para a escola na hora? Qual é o propósito disso quando está morando em Budapeste por seis meses enquanto seu padrasto grava Evita e você vai para a escola em seu quarto de hotel?’ Eu era um desastre, e pensei por tanto tempo que tinha algo de errado com meu cérebro. Agora eu percebo que isso só funciona de forma diferente.”
Filmes sempre foi a melhor forma de engajar Johnson, e ela fugiu para uma sucessão de obsessões com celuloide, longa-metragens que ela assistiria várias vezes: Mary Poppins, Esqueceram de Mim, Os Fantasmas se Divertem, e ultimamente todos os filmes dos diretores Bernardo BertoluccieJohn Cassavetes. Ela estudou ballet até seus 16 anos porém sempre se imaginou na carreira de atuação. “Eu pensei, ‘Isso é o que minha família faz’,”ela diz. “É tipo assim, meu pai é advogado, então eu sou uma advogada. Exceto que muitas vezes não funciona assim.”
Tippi Hedren permite a possibilidade de que isso está nos genes. “Eu não empurrei Melanie para fazer filmes, e ela não empurrou Dakota. Acho que nenhum de nós é do tipo que empurra,” Hedren me conta por telefone em uma tarde, enquanto uma tigresa chamada Mona a encara através da janela de sua casa na Reserva Shambala, o santuário animal californiano que ela fundou. “Dakota e eu nunca discutimos os aspectos negativos dos negócios. Não é um conselho bom, de qualquer forma. Mas eu disse a ela que acho importante fazer coisas diferentes na vida, possuir uma sensação de equilíbrio. ‘Marnie, Confissões de uma Ladra’, meu segundo filme com Hitchcock, lidou com um tópico que os filmes não discutiam na época: os efeitos dos traumas da infância. Cinquenta Tons de Cinza é similar dessa maneira, em falar sobre isso em um filme ‘comum’ pela primeira vez. Apesar de que eu não assisti realmente. Não é estranho? Não poderia te dizer o motivo.”
Johnson fez um pouco de dinheiro modelando enquanto estava no ensino médio em Santa Monica, o primeiro lugar que ela se estabeleceu por alguns anos seguidos, e quando ela formou, se mudou com seu namorado da época para um apartamento em West Hollywood. Ela aplicou para somente uma faculdade, Juilliard, em Nova Iorque, para a qual ela precipitadamente performou monólogos de Shakespeare e Steve Martin. “Juilliard e eu concordamos mutualmente que não iria funcionar,”ela relembra. De volta em Los Angeles, ela começou a participar de audições, até que conseguiu um papel numa participação especial que acabou se tornando memorável em A Rede Social como a parceira da noite e garota de Stanford de Sean Parker.
Na primavera de 2016, na longa vigília do primeiro filme de Cinquenta Tons, Johnson apareceu no filme de Luca Guadagnino, A Bigger Splash, um remake estiloso do filme de 1969 La Piscine, em um papel originalmente interpretado por Jane Birkin. Assistir Johnson descascar devagar um figo do adriático enquanto encara o homem que a encara é uma experiência, de certa forma, desconsertante. O acréscimo e desenvolvimento do poder sexual adolescente, nesse caso grosseiramente mal utilizado, foi o domínio de Johnson nas telonas. “Eu estive em uma fase da minha vida onde ficava fascinada por jovens garotas entrando em termos com sua sexualidade,”ela explica. “Eu acho que, por procuração, eu passei por isso em minha própria vida, e isso é muito interessante para mim.”
Guadagnino possui uma lealdade de autor com seus artistas, e foi durante as gravações de A Bigger Splash que ele perguntou a Johnson se ela gostaria de pegar o papel principal no remake de Suspiria, o filme culto de terror de 1977 do diretor Dario Argento. O longa conta a história de uma estudante de ballet americana que entra em uma academia de dança alemã que acaba por ser controlada por um clã de bruxas. Tilda Swinton, a estrela de A Bigger Splash, interpreta a diretora da academia. “Dakota temos uma constante loucura entre nós,” Swinton explica, “um tipo de disparate infantil que nasceu no momento que nos conhecemos e isso significa que sempre estamos à beira de não conseguir realizar trabalho sério. Ter que olhar no olho da outra durante uma tomada é geralmente um significante desafio para nós.”
Suspiria, para o qual Johnson passou seis meses treinando novamente em ballet, representa a primeira vez que ela esteve envolvida em um projeto desde sua criação.“Parece que não estamos fazendo isso para ninguém além de nós mesmos,”ela diz, “e é assim que quero me sentir o tempo todo quando faço filmes. Eu sei que isso não vai acontecer, mas o negócio sobre Cinquenta Tons é que, mesmo sendo comercial e convencional, o assunto não é. Desta forma, eu posso fazer algo em massa mas continuar fixada em meus interesses estranhos.” Alguém pode acusar Johnson, que foi vista pela última vez na comédia romântica de 2016 How to be Single, por sua astúcia em se tornar simultaneamente um acessório de uma casa de arte e uma estrela convencional. Esse equilíbrio é extremamente atraente para ela. “As histórias que quero contar, as personagens que quero interpretar, não existem tipicamente em filmes com grandes bilheterias,” ela diz. “Mas esse é o trabalho.”
Johnson e eu nos encontramos algumas semanas depois, na famosa Casa de Vidro que Philip Johnson construiu nas florestas de Connecticut. Será que é muito previsível que ela está impressionada, particularmente, com a cama que [Philip] Johnson compartilhou com David Whitney, seu parceiro por 45 anos? “É a cama mais pequena,”ela diz. “Eu amei. Digo, se você sempre quer se aconchegar com o seu parceiro, então você está em um lugar muito bom.”Dakota terminou um relacionamento com Matthew Hitt, um modelo e cantor da banda Drowners, na última primavera. “Merdas acontecem,”ela diz. “Eu acho que estou um pouco com o coração partido o tempo todo, mesmo quando estou num relacionamento feliz. Não consigo lidar muito bem com relacionamento casual, e meus sentimentos, mesmo os bons, ficam tão intensos que machucam.” No presente, Johnson está solteira. E é isso aí. “Será que podemos deixar as coisas realmente suculentas? Podemos dizer que estou dando esse tempo para explorar minha bissexualidade? Ou que eu me entreguei ao Senhor depois da estreia dos meus três filmes sexualmente explícitos?”
Cinquenta Tons Mais Escuros é um pouco mais assustador do que o seu antecessor, e o sexo, agora que Ana permitiu que Christian voltasse a fazer parte de sua vida em seus próprios termos, é mais apaixonado, menos clínico. “Essa mulher é foda,” Johnson diz. “Ela é super inteligente e hipersexual e muito resistente e muito amável, e suas características são tantas e tão diferentes que normalmente não fazem sentido em uma pessoa só. Eu tentei amplificar todas.” No processo de desvendar a complexa vida sexual de Ana, Johnson desenvolveu uma profunda admiração por BDSM, estilo de vida que ela ainda sente que é vulnerável à ignorância e ao desprezo. “Primeiramente, há algumas avenidas refinadas no BDSM,”ela diz. “Pode ser muito bonito e de bom gosto, e os materiais podem ser luxuosos. Não é comum estar na Hollywood Boulevard e passar por uma loja de mordaças. Mas o que eu admiro é a bravura e honestidade das pessoas que vão fundo com isso, que não têm medo de dizer que precisam de algo um pouco mais para poder sentir prazer. A América ainda é muito oprimida sexualmente. O orgasmo não é o presente de Deus aos humanos? Aqui está um fato curioso: Uma mulher tem o mesmo número de terminações nervosas em seu clitóris do que um homem tem em todo o seu pênis.”
Johnson passou a maior parte da primeira metade 2016 em Vancouver gravando as duas sequências de Cinquenta Tons, ambas dirigidas por James Foley. Ele lembra dela chegando no set com uma cópia amassada no The New York Times, que ela iria ler durante a maquiagem. “Ela falava sobre as coisas que estavam acontecendo em Crimeia e então, no minuto que eu dizia ‘Ação!,’ ela fazia coisas com sua personagem que eu nunca esperava, mas com total autoridade e autenticidade,”Foley explica. “Ela tem um detector de mentiras muito sensível, então se ela faz algo que é um pouco irreal ela simplesmente se para. Ela é bizarramente instintiva sobre tudo isso. Ela já sabe como dirigir algo. Facilmente.”
Acontece que, Johnson gostaria de ficar por trás das câmeras, e embora ela já tenha sua própria empresa de produção tanto quanto um parceiro de roteiro, ultimamente ela anda muito ocupada para levar qualquer coisa adiante. “Eu tenho uma grande quantidade de diários quase cheios,” ela diz. Suspiria finaliza suas gravações neste inverno, e então ela começa a filmar The Sound of Metal, uma história de amor escrita e dirigida por Darium Marder e estrelando Matthias Schoenaerts. Johnson recrutou sua amiga St. Vincent (ex namorada de sua amiga Cara Delevingne) para cuidar da música do filme.
“Eu finalmente sinto que estou no lugar certo na hora certa na minha vida, colaborando com artistas que me elevam,” ela diz. “Há alguns anos, eu estava lutando, esperando para alguém me dar uma chance. Eu sou uma pessoa bem sensível, e quando não me sinto protegida, tenho a tendência de me fechar. Mas quando me sinto a salvo, acho que consigo fazer qualquer coisa.”
Tradução: Laura M.