Nossa Dakota é capa de mais uma revista! Desta vez, ela está estampada na edição de maio de 2016 da Interview Magazine, e vocês podem conferir a entrevista, scans e outtakes a seguir:
Não é como se os pais de Dakota, Don Johnson e Melanie Griffith, fossem estrelas tão brilhantes que ela se perdesse no brilho intenso de sua fama, mas também não foi criada na anonimidade: Dakota foi Miss Golden Globe em 2006 (uma grande festa de debutante para ela que, na época, tinha 16 anos), e dois de seus amigos mais próximos são descendentes da realeza de estrelas do rock. Sua escalação como Anastasia Steele, também, em Cinquenta Tons de Cinza (2015)—depois, talvez, a escolha do elenco mais celebrado e examinado dos últimos 10 anos—deveria ter feito dela uma celebridade do dia para a noite, ou pelo menos estar regularmente nas colunas de revistas de fofoca. Mas, nem tanto.
O que sabemos com certeza é sobre o trabalho, incluindo sua incrível reviravolta como a namorada do gângster de Boston Whitey Bulger, interpretado por Johnny Depp, em Black Mass (2015). No filme banhado por sol do diretor Luca Guadagnino, A Bigger Splash, que, em alguns países, estreia em maio, Johnson interpreta uma personagem com estilo meio Lolita que frustra uma indisposta deusa e estrela do rock interpretada pela própria deusa Tilda Swinton. É uma performance sensacional em um filme sensacional sobre sedução e atração dentre um grupo de almas perdidas. Isso, provavelmente, não nos deixa mais próximos de descobrir mais sobre a própria Johnson—mas, talvez, a ajudou a se descobrir. A atriz conta à estrela do rock da vida real, Chrissie Hynde que, interpretar uma personagem numa terrível crise existencial a ajudou a resolver umas coisas por conta própria. Mas só um pouquinho.
CHRISSIE HYNDE: Como você está?
DAKOTA JOHNSON: Estou bem! Estou no meio de um dia de trabalho em Vancouver.HYNDE: Ah, eu amo Vancouver. No que está trabalho?
JOHNSON: Estou filmando as duas sequências dos filmes de Cinquenta Tons ao mesmo tempo.HYNDE: Aquele filme que você faz cenas de sexo loucas?
JOHNSON: Sim. Eu filmarei uma hoje. [risos] Não é… confortável. É bem tedioso.HYNDE: Eu tive que beijar alguém para um vídeo uma vez, e eu fiquei apavorada por dias, semanas—era tipo tomar injeção. Ele era bonito, também. Gary Stretch, o dito cujo. Ele é um ator de Hollywood agora, mas não importava, sabe? Foi excruciante. Então você tem que fingir transar com alguém? Ou, sei lá, talvez fazer isso de verdade. Mas em frente de toda a equipe de filmagens…
JOHNSON: Bem, não vamos transar de verdade. Mas estive simulando sexo por sete horas até agora, e já cansei.HYNDE: O que seu pai acha disso? Ele assiste?
JOHNSON: [risos] Não! Deus, não. Graças a Deus.HYNDE: Mas ele sabe que está acontecendo, obviamente. Ele deve saber como funciona por agora. Como está seu belo pai, à propósito?
JOHNSON: Ele está bem.HYNDE: E sua mãe?
JOHNSON: Ela está bem. Está em L.A. Minha irmãzinha acabou de vir me visitar pelo fim de semana, o que foi fofo. O que você tem feito?HYNDE: Estou em West London. Tenho um álbum novo para sair com Dan Auerbach…
JOHNSON: Ah, eu conheço Dan.HYNDE: Ele não sairá até o outono [primavera no Brasil] porque estou na fila para remixá-lo—o que é bom porque posso ficar sem fazer nada o verão [inverno no Brasil] inteiro, então estou muito feliz com isso.
JOHNSON: Mal posso esperar para ouvir.HYNDE: Eu amei trabalhar com Dan. Ele tem um estúdio em Nashville, e é incrível. Ele é incrível. Somos grandes fãs de Black Keys, de qualquer forma. Foi assim que te conheci! Stella McCartney me ligou e disse para ir para o Cow, seu bar local, e lá estava você.
JOHNSON: Aquela noite foi divertida. Sempre me faz rir o fato de que Stella gosta de ir no Cow porque é chamado Cow. Mas é um bom lugar. A comida lá é muito boa.HYNDE: Eu a conheço desde que tinha, sei lá, 7 ou 8 anos. Então me sinto bem protetora. Tipo, ela é uma completa adulta agora, com uma família. Ela sempre foi assim, bem divertida—esse é o negócio de todas as crianças McCartney: Elas são muito fundamentadas. Elas gostam de se divertir.
JOHNSON: Eu aprecio isso.HYNDE: É isso que acontece quando se tem pedigree. Mas isso é história velha agora. Não é uma grande coisa mais ter pais famosos, é?
JOHNSON: Eu acho. Não sei. As crianças com quem cresci… mas eu nunca me identifiquei com nenhum deles. Eu tenho uma amiga com quem sou realmente próxima, minha amiga Riley Keough, e sua mãe é Lisa Marie Presley. Mas, além disso, eu não tenho muitos amigos que são… sei lá. Eu meio que fiquei longe de tudo isso.HYNDE: Nesses dias, todo mundo conhece alguém que o pai estava em uma banda ou a mãe era modelo. É como as coisas são.
JOHNSON: Parece ser desse jeito mesmo. Nada é realmente precioso mais. Tipo, o mistério se foi.HYNDE: Ah, não! O mistério ainda está lá.
JOHNSON: Está? Onde? [risos]HYNDE: Eu acho que está. Tudo muda. Eu acho que muito desse mistério se foi porque você pode ter acesso a muita informação agora. Mas você ainda é misteriosa. Fala sério!
JOHNSON: Eu gostaria de dizer isso sobre mim mesma. [risos]HYNDE: E você pode manter o mistério. Eu lembro de quando te conheci, te perguntei o que fazia e você disse que era um ator. Eu disse, “Por que você disse ator ao invés de atriz?” Você lembra o que você disse para mim? Você disse que não se sentia confortável dizendo nenhum deles porque ainda estava se descobrindo.
JOHNSON: Ah. Isso ainda parece justo para mim. Eu ainda me sinto como se não soubesse o que estou fazendo. Tipo, eu não tenho certeza de como minha vida será. Quer dizer, eu tenho uma obsessão por fazer filmes e eu provavelmente sempre farei isso. Mas, às vezes, minha vida pode parecer tão sufocante, e então pode parecer tão maciça, como se eu não tivesse sabendo lidar com nada disso, e eu não sei para onde ela está indo ou o que farei. Nesse momento, sou conhecida por fazer filmes. E eu me pergunto se é só isso mesmo. Não sei. Não parece ser assim para mim.HYNDE: Eu assisto muitos filmes, obcecadamente, tipo, sete ou oito vezes. E eu acho que é uma época interessante agora. Existem boas pessoas fazendo filmes no momento. Eu poderia nomear uma grande quantidade deles: Michael Fassbender… você me lembra ele, na verdade.
JOHNSON: Eu lembro?HYNDE: Sim! Você tem meio que aquele olhar. Ele pode fazer qualquer tipo de papel, e ele faz isso bem porque ele não está ainda naquele ponto em que você pensa, “Ah, esse é Michael Fassbender.” Você acredita no papel. Eu acho que você pode se safar com isso para sempre. Michael Caine faz isso, e ele tem feito isso por 60 anos. Você ainda acredita nele. E esta é, obviamente, a melhor coisa que pode fazer se é um ator. E a forma de fazer isso é não ser muito público, provavelmente. Uma vez que você está em muitas capas de revistas ou fazendo coisas demais e ficando exposta, então as pessoas começam a te reconhecer, e você ultrapassa uma linha. Eu acho que todo mundo deveria ficar fora dela. Por que estamos fazendo isso para uma revista, eu não sei!
JOHNSON: [risos] Nós deveríamos apenas nos falar por telefone mais vezes.HYNDE: Mas você tem que fazer isso em uma certa quantidade para continuar no jogo. Eu vi Kate Bush fazer um show em 2014, e ela não tinha feito nada em público por 35 anos.
JOHNSON: Foi incrível?HYNDE: Fantástico, incrível. Eu vi dois dos shows. Foi absolutamente de ficar sem ar. Ela tem a voz perfeita—sua voz fez as pessoas chorarem. E sua presença, estava toda lá. Ela poderia ter feito isso pelos últimos 30 anos todas as noites. Você não notaria a diferença. Mas, na verdade, ela não esteve nos palcos, porque não gosta.
JOHNSON: É mágico poder cativar as pessoas dessa maneira. Ela fez 22 shows? E todos eles esgotaram.HYNDE: Sim. Ela cantou no Eventim Apollo, Hammersmith. É um grande teatro, mas não é uma arena ou qualquer coisa assim. Ela não queria fazer isso porque não é íntimo o suficiente. Eu acho que é aí que o rock se perdeu realmente, quando começou a ficar grande demais. O público quer te ver. Uma vez que você está olhando para os telões, você se sente terrível. Se você ama fazer filmes, como você ama, então não vejo motivo para não fazê-lo para sempre. Porque se você ama o processo de fazer os filmes, você não precisa se envolver com o resto se não quiser.
JOHNSON: É uma época bizarra agora, no entanto. Parece que o mundo muda de interesses muito rápido. Quando eu penso sobre cineastas e atrizes que eu admirei por toda a minha vida, eu admirei todo o seu trabalho. Admirei com o que eles começaram e o que estão fazendo agora. E agora eu tenho a sensação de que há uma estranha pressão para achar a nova face. Eu não entendo de jeito nenhum. Eu quero ver as mulheres evoluírem. Quero ver um trabalho por completo. Quero ver tudo.HYNDE: Quer dizer, olhe para Charlotte Rampling. Tudo que ela fez foi ótimo, mas ela manteve um perfil discreto por muitos anos, e então ela veio com todos esses ótimos filmes. Como Sob a Areia (2000), e então Swimming Pool – À Beira da Piscina (2003) foi fantástico. Eu poderia nomear vários atores que fizeram isso: Tommy Lee Jones, Ed Harris…
JOHNSON: Eu trabalhei com Ed Harris. Amei trabalhar com ele.HYNDE: Eu o amo tanto. Appaloosa, uma cidade sem lei (2008) é meu filme de caubói favorito. Já assisti 12 vezes.
JOHNSON: Aquele filme é ótimo.HYNDE: Ugh, ele é fantástico. Eu acho que se você gosta da sua profissão e gosta de exercê-la… é o mesmo com a música. Quer dizer, eu sou um ato hereditário, acho. E eu apenas tento tocar em teatros e deixar minhas coisas quietas. Minha política sempre foi fazer o suficiente para viver. Não porque eu sou preguiçosa; eu só gosto de ficar sem fazer nada. Eu acho que é parte do meu trabalho. Mas, também, seus prazeres comuns, como sentar na porta e comer uma fatia de pizza, você não quer isso tirado de você. Você não pode ficar muito famoso.
JOHNSON: Isso é verdade. Mas eu tenho a sensação de que às vezes isso não está em seu controle. Há dias que eu consigo fazer minhas próprias coisas e estar no mundo e dar um passeio, e está tudo bem. E então há outros dias que não está nenhum pouco bem, e você quer entrar em um buraco e morrer. E são os piores e mais invasivos.HYNDE: Você mora em Hollywood quando não está trabalhando?
JOHNSON: Não, eu moro em Nova Iorque. Eu estou em Vancouver por quase dois meses até agora, e estarei aqui por mais ou menos 6 meses no total. Eu não estive em um mesmo lugar por tanto tempo talvez há 5 ou 6 anos. E eu me senti ficar completamente instável com o que queria fazer com meu tempo livre—tipo, que livros eu iria ler ou quais álbuns eu queria escutar, quais filmes queria assistir. Eu não consegui nem escolher um. Não consegui decidir o que fazer. E Vancouver é tão chuvoso que quando tem um dia ensolarado, as pessoas perdem a cabeça e não sabem se vão andar de bicicleta ou se vão passear ou sei lá, e é insano. É como eu me sinto no momento.HYNDE: Onde você gravou A Bigger Splash? Foi na Itália?
JOHNSON: Sim. Nós gravamos em uma ilha chamada Pantelleria, que é fora da Sicília, entre Sicília e Tunísia.HYNDE: Ah, maravilhoso.
JOHNSON: Sim, foi louco. É uma ilha bizarra. Você sente ventos frios vindos da Sicília, então você sente ventos quentes vindos da África. E a ilha é feita de rocha vulcânca, então ela carrega essa energia e é realmente intenso. Eu acho que fode com a mente das pessoas. Realmente muda o clima de todos. E a agricultura é bizarra. Não tem um tema comum em nenhuma das plantas. E o terreno é bem áspero. É afiado e espetado, o sol é bem quente e as rochas são quentes. E então as pessoas são tão gentis e maduras. Todo mundo que mora lá é tão justo e calmo o tempo todo. Então gravar um filme lá foi diferente de qualquer experiência que tive. Mas eu acho que digo isso sobre todos os filmes que faço. Nada é similar.HYNDE: Isso é fantástico, no entanto. Não é? Ter todas essas experiências diferentes. Algumas pessoas não gostam de mudanças—obviamente, você gosta.
JOHNSON: Eu gosto. Eu aprendi a me sentir confortável com minha vida sendo um constante fluxo. Eu acho que aprendi fazendo esse filme porque é meio que sobre essas personagens de classe alta em um fluxo existencial constante. E eu me sinto assim às vezes na vida. Pelo menos uma vez por semana eu penso, “Quem sou eu, e o que diabos estou fazendo?” [risos]HYNDE: Bem, esse é o trabalho de todo ser humano. Essas são as questões fundamentais. Todo mundo deveria estar pensando isso, não? Senão, você está meio que andando ao redor do inconsciente.
JOHNSON: Eu acho que a maior parte do mundo está andando ao redor do inconsciente.HYNDE: Ugh. Mas é uma época maravilhosa para estar vivo.
JOHNSON: Eu também acho. É emocionante e aterrorizante.HYNDE: Certamente. E nós estamos aqui. E é só isso que você precisa saber. Estamos fazendo o que gostamos. Muitas pessoas não podem dizer isso.
JOHNSON: Eu comprei o seu livro outro dia desses.HYNDE: Ah, comprou? É uma leitura fácil. É meio que a minha história leve.
JOHNSON: Eu estava realmente animada para todos os bolsos de fotos nele, porque isso é o que eu mais amo sobre biografias. [risos] Você está lendo algo bom agora?HYNDE: Era para eu estar lendo War and Peace para meu clube do livro. Miranda Richardson está no meu clube do livro, e essa foi a escolha dela. Então nós estamos todos suando ao lê-lo. Obviamente, é um livro maravilhoso.
JOHNSON: Sim, Jesus. Lindo livro, mas uau, isso é intenso.HYNDE: Eu gosto de ler. Mas tem tanta coisa boa na televisão no momento.
JOHNSON:O que você está assistindo?HYNDE: Game of Thrones, sou uma grande fã. Eu posso mergulhar nessa série. Eu não tenho Netflix ou programas para gravar ou box de temporadas; eu só assisto o que está passando à noite. Ray Donovan, eu amo.
JOHNSON: Eu perdi o trem da televisão em algum ponto. Eu não sei o que aconteceu, mas criei um complexo sobre isso agora. Não acompanho o que todos assistem e agora eu não posso nem começar a pensar em iniciar uma nova série porque faz tanto tempo. Eu nem mesmo tenho uma conta na Netflix. [risos]HYNDE: Penny Dreadful, também—na última tour, eu assisti essa obcecadamente.
JOHNSON: Eu acho que eu vi um episódio dessa série só porque eu sou uma amante antiga de Eva Green.HYNDE: Ah, ela é maravilhosa. Timothy Dalton—o elenco todo. Eva Green é uma deusa.
JOHNSON: Ela realmente é. Eu vou começar a ver. Eu vou voltar a ver televisão. Decidi.HYNDE: Bem, não faça isso como se fosse meditação; é só televisão. Mas existe certamente coisas de qualidade. Tipo, é o que todo mundo fala sobre. Na verdade, a televisão transformou todo mundo em pessoas tediosas.
JOHNSON: Apenas vai adicionar na minha personalidade antissocial. [risos]HYNDE: É, não tem problema. É bom ser antissocial. Ei, a maioria sempre está errada, então sempre seja uma antissocial. Mas isso soa para mim que você está realmente em um bom lugar e você tem feito um ótimo trabalho. Está apenas começando, e você tem isso pelo resto da sua vida. Ninguém tira isso de ti. Todos querem que você faça contando que você queira fazê-lo.
JOHNSON: Isso é verdade. Então eu farei.
Fonte | Tradução: Laura Melo